Rap Plus Size encontra espaço nas redes

Por Desirêe Galvão

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“E quem disse que para ser linda não pode engordar?”. Integrantes do Rap Plus Size Issa Paz e Sara Donato (Foto: Divulgação)

Muito além do tamanho das roupas e porte fisico, o Rap Plus Size produz músicas de empoderamento feminino, contra a gordofobia, o machismo, homofobia e o racismo. As MC’s Issa Paz e Sara Donato, cansadas de não se encaixarem no padrão de beleza imposto pela sociedade e da falta de espaço para mulheres, decidiram há um ano se unir e produzir um álbum de 13 faixas. E se pesado é a gíria usada no meio paulistano para qualificar situações e coisas como muito boas e maravilhosas, no som da dupla o que não falta é peso, é plus size em qualidade.

De acordo com a dupla, o espaço do gordo na mídia é limitado ao retrato do preguiçoso e fracassado, as imagens são sempre as de um indivíduo que não é saudável, obeso por escolha ou as de uma video-cacetada qualquer. A ideia de combater a discriminação sofrida na pele com o rap tem sido difundida, quase que exclusivamente, através do FacebookYoutube e Soundcloud. Apesar disto, algumas faixas do Rap Plus Size chegaram a superar os 20 mil acessos na semana do lançamento.

Para além da gordofobia, as MCs lembram que as mulheres também são diminuídas na sociedade como um todo, bem como dentro do próprio hip hop. Segundo Sara, em qualquer site de rap, se uma mulher for citada a cada dez matérias é muito.

“Eu posso ser mais do que o apoio de palco de um homem, cantar três músicas em um show ou mesmo só alguns refrões, porque é isso que os caras colocam a gente para fazer”, disse Sara Donato.

A militância do Rap Plus Size age também como um organizador de cultura, pois se os rappers não as chamam para participar dos eventos de maneira digna, as meninas produzem os próprios encontros. A ideia é colocar cada vez mais mulheres para rimar,  tocar, dançar, grafitar e lutar. Toda a segunda-feira, por exemplo, acontece a Batalha Dominação, no Largo São Bento, centro de São Paulo, que reúne meninas de todas as zonas da cidade para batalharem entre si rimas improvisadas.

Neste contesto, a produtora Decidimos Mover Nossas Asas (DMNA) foi criada há poucos meses para aumentar a representatividade das meninas no cenário audiovisual do hip hop. Lá as minas comandam tudo, desde a captação de imagem e áudio, a finalização dos videos e gerenciamento das redes sociais de Issa, Sara e o de tantas outras artistas que batalham por um espaço no rap.

Leia mais: http://issapaz.wixsite.com/rapplussize

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Issa Paz ao fundo e Sara Donato no Sesc Jundiaí, em abril deste ano (Foto: Divulgação)

 

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