Marcado: jornalismo

Lutar por dignidade não é crime!

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(esq.) a jornalista Paula Ribas, durante a entrevista com uma família assentada pelo INCRA, na cidade de Iaras, interior de São Paulo

Por Paula Ribas

Inspirada pelo post da nossa colega Giovanna Betine , sobre Eduardo Coutinho, me lembrei da videoreportagem* LUTAR NAO É CRIME, que fiz em 2015, sobre os movimentos sociais no campo e na cidade. Certamente, a linguagem documental firmada pelo documentarista Eduardo Coutinho, que tornou-se sua identidade maior, foi minha inspiração para realizar esse projeto.

Nesse trabalho de imersão, convivi durante alguns dias com integrantes de movimentos sociais e acompanhei o dia a dia de quem luta com grandes e fortes empresas. Sem falar da luta diária também com parte do poder público.

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Assentado pelo INCRA,    numa terra com pinheiros ,    de onde se faz extração do pinus   (Iaras – interior de São Paulo)

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Representante do movimento social de mutirão de autogestão, na zona leste, São Paulo

Há nesse debate diversos detalhes que muitas vezes não tomamos contato. Esse é, muitas vezes, um dos assuntos que nos informamos por meio dos grandes veículos de comunicação, das grandes empresas que tem seus interesses ligados ao assunto. Portanto, nesse contexto, há uma contaminação no que se comunica.

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Família a espera de assentamento, depoimento forte sobre a dificuldade e a precariedade de quem quer viver da terra.  (Iaras, São Paulo)

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Entrevista para entender mais sobre a organização dos movimentos sociais que constroem casa por meio do mutirão de autogestão

Ter realizado a videoreportagem LUTAR NAO E CRIME! pude ter a minha experiência e visão sobre um tema tão delicado quanto a falta de produtividade e ociosidade de espaços em meio a centros urbanos ou imensas terras rurais.

Assista o vídeo e veja do ponto de vista  de quem está nessa trincheira rasa.

*Videoreportagem – técnica documental/jornalística na qual uma única pessoa realiza todo o processo de uma obra: pauta, roteiro, captação, edição e finalização do vídeo. Com perfil,geralmente, noticioso. O que se prima é pelo que está sendo retratado, a mensagem de quem fala, o tema. Movimento de câmera e enquadramento, geralmente, são tremidos sem muita estabilidade, pois se pretende passar o ponto de vista de quem vive a situação.Passar a sensação do que acontece no momento que registra. Pretende-se levar quem assiste para dentro da estória narrada.

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A moda e seus dilemas

Por Giovana Natale

A característica cabide é a imagem principal em que uma modelo se classifica. Mulheres, bonitas, fotogênicas e ligeiramente magras, são procuradas e encontradas por olheiros da moda frequentemente. Mas será que são todas que aguentam a pressão das passarelas? Será que quem aceita tais cobranças, querem uma aprovação estética da sociedade ou da mídia que motiva isso?

Estava visitando alguns blogs de moda para encontrar algumas tendências de roupas para o inverno, e me deparei com algumas imagens de modelos magérrimas desfilando em grandes passarelas, para renomadas marcas do mundo da moda e pensei, porque não falar um pouco dessas meninas que se esforçam tanto para chegar ao peso ideal que a mídia padroniza como beleza, e que algumas acabam sofrendo de uma doença tão perturbadora e mortal que é a anorexia.

No Brasil, a cada 100 mulheres, 2 a 4 sofrem e possuem sintomas da anorexia. Modelos famosas, como a Isabelle Caro, de nacionalidade francesa, morreu em 2010 decorrente ao trágico histórico dessa doença. A mesma fez algumas campanhas, antes de sua morte, contra esse padrão anoréxico, tentando mostrar o quanto sofreu para se tornar uma modelo exemplar.

Para que tudo isso? Mulheres sofrem diariamente influências midiáticas e influências do padrão ditatorial da moda, sem ao menos se questionarem. Não apenas modelos tentam regimes rigorosos para alcançar o tão sonhado 60 cm de cintura, mas também mulheres comuns que querem caber naquela calça jeans de marca ou naquele body sem qualquer tipo de marca de gordurinha extra.

Eu realmente espero, um mundo em que a mulher possa ser livre para ter o peso que quiser, e que possa ser quem quiser, e mesmo assim continuar linda da sua maneira.

O espetáculo do mundo da internet

Por Giovana Natale

Ao ler o texto Cultura da mídia e triunfo do espetáculo, de Douglas Kellner, dá para entender um pouco melhor essa tão atual sociedade em que vivemos. Em um mundo em que a publicidade traz ao seu público, uma forma em que o mesmo apenas sonhe e idealize aqueles produtos, sem ao menos se questionar se aquilo realmente vale a pena se pagar em prestações infinitas. Em um mundo em que a mídia distorci suas notícias dadas, para ansiar em seus espectadores o querer, sem realmente pensar no bem-estar e na necessidade do indivíduo. Em um mundo em que as pessoas não se reconhecem mais, não conseguem mais alcançar suas próprias identidades, e apenas idealizam o ter do que o ser.

Um exemplo disso é visto entre o mundo de blogueiras e youtubers. Consideradas ícones fashions por milhares de jovens, as mesmas passam tendências atuais da moda, de uma forma diferente em que a publicidade e a mídia tentam transmitir. Algumas blogueiras, são vistas por milhares de visitantes em apenas um dia, seguidas por redes sociais como Instagram, Canais do Youtube e o Facebook, tendo atrás delas anunciantes e marcas em que querem um contato direto com suas consumidoras. Essas meninas, fazem resenhas de produtos de maquiagem, propaganda de roupas de marca e até mesmo mostram seu dia a dia no aplicativo do Snapchat.

Formas em que a publicidade cria para vender melhor seus produtos, colocando meninas comuns e bonitas, de classes sociais média-alta e que demonstram ter uma vida perfeita, onde muitos idealizam alcançar. Mas será que todo esse “glamour” é realmente real? Será que o ter, vai fazer realmente que você chegue na tão esperada “felicidade plena”? Fica a reflexão.

O Estupro Glamourizado

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Por Paula Ribas

Mais uma vez o tema do estupro violento contra `a mulher volta de modo mais cruel.  Para mim, como mulher, é mais que indignação. O fato em si é humilhante, sem justificativa para tanta barbaridade. Se não bastasse o fato, tudo isso foi gravado e colocado nas redes sociais.

Antes de pedir punição e justiça, é o mínimo que a sociedade espera do que aconteceu com a jovem de 16 anos, no Rio de Janeiro, quero contribuir rememorando o modo “natural” e , muitas vezes considerado artístico, com que a cultura do estupro está presente em nossas mentes e distribuído aos nossos olhos. Tão sutil e chique, numa foto enorme no aeroporto, em embalagens de produtos caros e nobres, que não nos damos conta. Muitas vezes embalado em luxo, glamour, em pessoas de fina estirpe, gente famosa e cheirosa, “conhecida”, premiada e aplaudida. Sendo assim, com tanto pedrigee damos outros nomes, outras justificativas, mas na verdade estamos naturalizando e nos acostumando com a violência, com a agressão física, moral e psicológica, estamos aceitando passivamente situações de violência contra `as mulheres.

Abaixo alguns exemplos de marcas caras e consagradas, com pessoas que aparentam ser bem sucedidas, poderosas e ricas propagando violência. Pode parecer brincadeira, mas o que fica impresso na pele das modelos depois de cada clique? O que fica marcado no sentimento por ter passado por tal experiência? E para nós que consumimos essas imagens, o que fica marcado em nossas mentes?

E uma das tantas justificativas para a violência é o “incontrolável desejo que homens sentem”. Parece romântico, né? Mas, não é! Assim, muitas e muitas mulheres compram esse discurso de que violência é sinônimo de amor, desejo, de que são belas, atraentes e, por isso, são amadas. Muitas mulheres sofrem em silêncio na confusão imatura ou desinformada e , muitas vezes, não sabem distinguir a diferença do que seja amor e agressão. Afinal, fica tão bonito a cena na novela, fica tão elegante gigantes publicidades nos aeroportos e nas capas das revistas com gente famosa. Como tudo isso pode estar errado ou mal-intencionado?

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Capa da revista Vogue francesa


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Em 2013, o estilista libanês Johnny Farah promovendo sua linha de bolsas

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Famoso estilista de roupa para homens


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Calvin Klein reproduz abertamente uma cena de estupro para “vender roupa”


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Mulheres muito jovens “viciadas” em roupa


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O fotógrafo indicano Raj Shetye reproduziu em foto publicitária, o estupro coletivo que matou a  jovem Nirbhaya, em Deli, em 2013. Um problema tão grave enfrentado pelas mulheres indianas diariamente usado de modo banal. Felizmente a reação foi imediata, as fotos foram classificadas como “nojentas” e “horríveis”.

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O premiado diretor teatral Gerald Thomas, durante o lançamento do seu livro. No mínimo constrangedor, não?

 

O que é um Patrimônio Cultural Imaterial?

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Bolo de Rolo pernambucano – patrimônio imaterial  brasileiro

Por Paula Ribas

Na aula passada, enquanto discutíamos sobre o poder da sedução*, sobre a lógica de ser seduzido para consumir produtos, estórias, narrativas que nos emocione e nos traga sentido, falamos rapidamente sobre os bens imateriais.

Aqueles bens de uma cultura e criação de um povo, na qual não temos acesso e nem conhecimento com tanta facilidade. No entanto são únicos e encontramos apenas numa determinada região.

O professor Dimas nos apresentou a Taioba, uma verdura com cara de planta, esquecida na culinária brasileira. Apreciada pelos mais “antigos” (como nossos avós ou pessoas mais experiêntes), por alguns mineiros e por gente de roça.

Tantas são as culturas, os saberes e os ofício de uma determinada região e povo (ainda mais de tamanho continental como o Brasil), que para organizar essa riqueza humana se estabeleceu na cultura brasileira determinadas práticas e tradições como patrimônio. Composto de bens de natureza material e imaterial, incluídos os modos de criar, fazer e viver dos grupos formadores da sociedade brasileira**.

Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer, celebrações, formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas e nos lugares, como mercados, feiras ou santuários. Já os bens materiais implicam na conservação e preservação física do bem cultural , sem perder suas características originais, tal qual seu criador a concebeu. E, assim, preservar as raízes e identidade socio-cultural, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, as criações científicas e tecnológicas, as obras e objetos históricos, documentos, edificações e demais espaços culturais, entre outros.

Abaixo uma lista de alguns dos bens imateriais registrados no Iphan***:

  • Ofício das Paneleiras de Goiabeiras;
  • Ofício das Baianas de Acarajé;
  •  Ofício de Mestre Capoeirista;
  • Toques dos Sinos em Minas Gerais;
  • Modo artesanal de fazer o queijo de minas;
  • Modo de fazer viola- de- cocho;
  • Frevo;
  • Feira de Caruaru;
  • Carimbó;
  • Maracatu;
  • Ofício de rendeira;
  • Bloco Carnavalesco Galo da Madrugada;
  • A peça Paixão de Cristo;
  • Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: partido-alto, samba de terreiro e o samba-enredo;
  • Bumba-meu-Boi no Maranhão;
  • Arte Kusiwa: pintura corporal e arte gráfica Wajãpi (índios do Amapá);
  • Festa do Divino em Paraty;
  • Sistema agrícola tradicional do Rio Negro..
    Registros em andamento
  • Sanduíche Bauru –  São Paulo
  • Empada ou Empadão de Goiás

 

Curiosidades

Acarajé – já é patrimônio cultural nacional

Bolo de Rolo – já é patrimônio cultural pernambucano

* Durante estudo do texto “Cultura McWorld”, de Benjamin R. Barber

** previstos na Constituição Federal de 1988.

*** Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

 

O Jornalismo pelas lentes do Cinema Brasileiro

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Cena “O Mercado de Notícias”, dir. Jorge Furtado

Por Paula Ribas

O cinema e o jornalismo, de longa data, tem grande fetiche um pelo outro. Tanto um como o outro adoram falar do outro e de um. Não se sabe ao certo quando isso começou, mas que tanto o cinema como o jornalismo se namoram faz tempo, isso sabemos.
Filmes como os clássicos Cidadão Kane (1941), Adorável Vagabundo (1941), A Montanha dos Sete Abutres (1951), A Guerra dos Mundos (1953), Todos os Homens do Presidente (1976), Nos bastidores da Notícia (1987), O Jornal (1994), O Quarto Poder (1997),  O Custo da Coragem (2003), Capote (2005), Boa Noite e Boas Sorte (2005), O Abutre (2014) e Spotlight (2015), são alguns dos títulos e, poucos, provenientes dos livros (outro fetiche do cinema com a literatura).
Entretanto, destaco o olhar dos filmes brasileiros quando o assunto é jornalismo. Minguados são os títulos que retratam o jornalismo e, quando encontrados, estão em vala comum entre a política e o puro e simples entretenimento.  Alguns com um perfil mais militante quase em formato de documentário, salvo o Mercado de Notícias que o é em sua origem.
A seguir, uma lista para assistir as produções nacionais por ordem do ano de lançamento.

 

Jenipapo (1995)

Michael é um jornalista estadunidense que trabalha para um jornal brasileiro bilíngue. Certo dia ele é mandado para entrevistar o padre Louis Stephen, um famoso missionário católico que apoia a luta pela reforma agrária em uma comunidade do nordeste.

 

Doces Poderes  (1996)

Bia  é uma jornalista que chega a Brasília para assumir, durante o período eleitoral, a chefia da sucursal da principal rede de TV do país. O antigo diretor está deixando o cargo para chefiar a campanha de um jovem candidato a governador, que é apoiado por políticos conservadores.

Guerra de Canudos  (1997)

Baseado na obra máxima “Os Sertões”, do jornalista e escritor Euclides da Cunha, o filme retrata o Brasil pós proclamação da República e envolto em agitação política. O filme conta a história da Guerra de Canudos, um dos maiores crimes contra os direitos humanos cometido no País.

 

As Aventura de Agamenon, O Repórter (2012)

Agamenon Mendes Pedreira cortou o pão que o diabo amassou para se transformar no jornalista mundialmente conhecido e autor da coluna diária publicada todos os domingos. Ficou anos sem almoçar e jantar para comprar uma passagem para o Titanic e, sobrevivente, acabou se enrabichando com Eva Braun (Guilhermina Guinle), o grande amor de Hitler.

 

Mercado de Notícias  (2014)

Mercado de Notícias, a peça, tem 389 anos, escrita por um contemporâneo de Shakespeare, Ben Johnson, três anos depois do nascimento do primeiro jornal em Londres. A profissão de jornalista é representada e relatada no documentário com as mesmas qualidades e defeitos de quase quatro séculos atrás. A manipulação da informação, a relação promíscua do jornalista com a fonte, as fofocas,o jornalismo de celebridades, o jornalista interferindo.


Chatô – O Rei do Brasil (2015)

O magnata das comunicações Assis Chateaubriand é a estrela principal de um programa de TV chamado “O Julgamento do Século”, realizado bem no dia de sua morte. É nele que Chatô relembra fatos marcantes de sua vida, como manipulava as notícias nos veículos de comunicação que comandava e a estreita e conturbada ligação com Getúlio Vargas, que teve início ainda antes dele se tornar presidente.

Na Metade do Livro – porque escolhi amadurecer

Por Paula Ribas
Desde que entrei nos “entas”, precisamente nos meus quarenta anos, percebi que algo tinha mudado. Uma mudança pouco visível por fora, mas significativa por dentro. Aliás, sendo bem sincera, por fora também…
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(da esq. para dir.) Paula Ribas com 3 anos, com 26 anos, com 34 anos e com 41 anos

A montagem de fotos acima, foi uma maneira que encontrei para mostrar e pegar o tempo. Apalpar, sentir e perceber que ele existe, que está a disposição de todos e que passa.
O tempo passa e rápido, é implacável, não tem como negociar.
Existem alguns consolos prontos assim que você estreia nessa nova jornada, como por exemplo: “A vida começa aos quarenta” é ” A idade da loba”. Promessas de que agora vai ser muito melhor que antes…
Vou em busca do que me aguarda pela frente e passo a ler diversos artigos, estudos e alguns livros sobre o tema. Encontrei nos brochantes artigos científicos e na opinião de médicos midiáticos que agora começa a queda dos hormônios, dos cabelos, da bunda, dos peitos e que a partir dos 50 anos até o paladar vai brochar. Ah, descobri também que a orelha e o nariz crescem a vida toda, sem parar.
Com essas notícias “otimistas” criei o projeto Na Metade do Livro, em formato de blog e canal no Youtube, cujo objetivo é compartilhar em rede minhas descobertas e informações sobre a maturidade e o amadurecimento. Afinal, amadurecer é uma coisa e envelhecer é outra.
Sei que ainda tenho muitos quilômetros para rodar, mas a percepção de que a metade já foi, é real.